Saúde Mental do Trabalhador é Coisa Séria!

Amadeu Alvarenga, Coordenador do Conselho de Usuários da Cassi-DF e apoiador das Chapas 4 e 77 - Em Defesa da Cassi Solidária, a partir de diálogo conversacional com o psicólogo clínico Alberto Okada (CRP DF 25.551), candidato pela chapa "Em Defesa da Cassi Solidária", são abordadas as preocupações acerca da saúde mental dos colaboradores do Banco do Brasil. A conversa, que mergulha nos desafios impostos por um ambiente de trabalho exigente, sublinha a necessidade crítica de reformular as políticas de saúde ocupacional para abranger o bem-estar integral dos funcionários, propondo caminhos para um futuro de trabalho mais saudável e inclusivo, refletindo o empenho da Cassi em assegurar cuidado e apoio a todos os seus participantes.

Amadeu Alvarenga - Coordenador do Conselho de Usuários da Cassi (DF)

A pressão por cumprimento de metas, a instabilidade na carreira e as frequentes mudanças organizacionais têm um impacto significativo na saúde mental dos colaboradores. Esta realidade é refletida pelo aumento de 38% no número de afastamentos por motivos de saúde em 2023, conforme dados do Ministério da Saúde, que também aponta que o Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu cerca de 3 milhões de casos de doenças relacionadas ao trabalho no mesmo ano.

Em um esforço para abordar essa crescente preocupação, em novembro de 2023, o Ministério da Saúde incluiu 165 novas patologias na lista de doenças ocupacionais, destacando-se entre elas a Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Essa inclusão evidencia o reconhecimento da complexidade e da gravidade dos ambientes de trabalho modernos sobre a saúde mental dos trabalhadores.

O psicólogo clínico Alberto Okada (CRP DF 25.551), bacharel em psicologia pelo IESB, pós graduado em psicologia positiva ciência do bem-estar e autorrealização (PUCRS), em psicologia junguiana (FACES) e em psicossomática (UNIFATECIE), também é mestre em psicologia na linha de pesquisa Cultura e Processos Psicossociais (UNICEUB), incluindo a posição de ex-gerente de projetos estratégicos I e ex-gerente executivo do Banco do Brasil, por mais de 7 anos, aposentado em 2018, levanta questões importantes para discussão e reflexão. O Burnout, uma das doenças que foram incluída na lista, resulta de uma combinação de diversos fatores psicossociais ligados à gestão organizacional. Ele argumenta que, além da sobrecarga de trabalho, aspectos como a sobrecarga emocional, as más condições ambientais no mundo corporativo, o sistema de meritocracia e a necessidade de pertencimento a uma comunidade social de trabalho contribuem significativamente para o surgimento da doença. Okada alerta para a triste realidade de que ser afastado por transtornos mentais coloca o indivíduo em uma posição vulnerável, sujeita à exclusão social.

Além disso, Okada chama atenção para a necessidade de revisão do exame periódico de saúde, que há cerca de 25 anos incluiu o abuso de álcool e o estresse grave entre os fatores de risco monitorados, que requer mudanças. Desde então, muitas outras doenças relacionadas a questões psicossociais vivenciadas no ambiente de trabalho foram identificadas, incluindo o uso de sedativos, canabinoides, cocaína, abuso de cafeína, bem como os transtornos de ansiedade ocupacional, depressão e tentativas de suicídio. Tais doenças de natureza ocupacionais foram incorporadas na lista pelo Ministério da Saúde, em nov/2023. Elas podem decorrer de estresse psicológico, assédio moral / sexual, preconceito e dificuldades adaptativas ligadas à organização empresarial.

Okada enfatiza a importância do Programa Saúde Mental (PSM) da Cassi, em funcionamento há mais de duas décadas, para a assistência à saúde mental dos funcionários do BB. Ele sugere a expansão desse programa para incluir tanto os pacientes com transtornos já diagnosticados, como também aqueles em estágios iniciais de estresse, ansiedade e depressão, bem como aqueles que tomam fármacos de tarja preta. Okada alerta que a diferença entre remédio, medicação e droga para um mesmo fármaco está na recorrência e na dosagem que o paciente toma.

A proposta defendida pelas Chapas 4 e 77, de abordar a saúde mental e o bem-estar por meio de uma estratégia de Saúde da Família, é destacada como um meio de integrar aspectos físicos, mentais e sociais do cuidado. Isso envolveria a conexão da Atenção Primária à Saúde com a Saúde Mental, negociando com o patrocinador programas inclusivos para pessoas com saúde mental fragilizada, e defendendo o ressarcimento de custos por doenças mentais ocupacionais. Além disso, a proposta inclui a identificação de sintomas de adoecimento mental por meio de um PCSMO que necessita ser atualizado. A expansão da rede credenciada da Cassi, o fornecimento de informações qualificadas sobre profissionais de saúde mental e a normatização da psicoterapia online são apontados como cruciais para facilitar o acesso ao tratamento, beneficiando especialmente aqueles em localidades mais afastadas.

Okada, com sua profunda experiência e compreensão dos desafios enfrentados pelos trabalhadores do BB, sublinha a importância de um atendimento à saúde mental que faça parte de uma abordagem integral à saúde, considerando a interconexão entre saúde mental e física e o impacto na qualidade de vida e bem-estar social.

Segundo a OMS, o Brasil lidera o ranking mundial de casos de ansiedade, o que reflete a urgência de um projeto sanitarista para tratar a epidemia dos transtornos mentais. No entanto, a preocupação com a medicalização excessiva e a mercantilização da saúde mental são destacadas, alertando para o risco de os trabalhadores tornarem-se vítimas de uma dependência de fármacos, com objetivo de lidar melhor com as pressões contínuas do ambiente de trabalho, melhorar o foco para aumentar a produtividade, para cuidar da insônia e lidar com as angústias vivenciadas na linha de frente. Okada argumenta que é fundamental que o cuidado ocorra no contexto de um atendimento integral à saúde, enfatizando a importância do médico de família nas CliniCassi como parte de uma abordagem de cuidados humanizada e efetiva.

A defesa de Okada por um diálogo amplo e ético reflete a necessidade de garantir os melhores interesses dos funcionários, buscando acordos com o patrocinador para o ressarcimento de custos diretos e indiretos das doenças mentais ocupacionais, visando a sustentabilidade do Plano de Saúde dos Associados. Ele ressalta a importância de políticas e práticas que apoiem a saúde mental dos trabalhadores, não apenas como uma questão de assistência médica, mas como um elemento fundamental para a qualidade de vida e o bem-estar no trabalho. O uso da plataforma de atendimento à saúde privada (Vittude), representa a “uberização” dos serviços de saúde. Precisamos rever este modelo e oferecer este atendimento de melhor qualidade dentro da Cassi.

Concluindo, é imprescindível reconhecer a complexidade da saúde mental no ambiente de trabalho e a necessidade de uma abordagem de saúde integral que inclua prevenção, intervenção precoce, tratamento adequado e políticas inclusivas. A experiência e os insights de Okada se eleito para o Conselho Deliberativo da Cassi (Chapa 4 – Em Defesa da Cassi Solidária) oferecem uma direção valiosa para enfrentar esses desafios, além de ajudar a promover a saúde do trabalhador, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável, sustentável e solidário.

Para além das estratégias e programas específicos, o que emerge é a necessidade de uma mudança cultural nas organizações, onde a saúde mental é valorizada tanto quanto a saúde física, e onde os trabalhadores se sentem apoiados e compreendidos em suas jornadas individuais de saúde mental.

Diante desses desafios, há também uma mensagem de esperança: a conscientização e o compromisso com a saúde mental no local de trabalho estão crescendo. Com esforços contínuos e colaboração entre todos os envolvidos - trabalhadores, gestores, profissionais de saúde e políticas públicas - é possível criar um futuro onde a saúde mental seja prioritária, garantindo não apenas a produtividade, mas também a felicidade e o bem-estar de todos no ambiente de trabalho. Esta visão de um futuro mais saudável e inclusivo é não apenas uma aspiração, mas uma meta alcançável com a dedicação e o comprometimento de todos.